“Mediação
Universal de MARIA Santíssima”, A MÃE de DEUS e
nossa, quando em 1954 a Igreja comemorava o centenário do
Dogma da Imaculada Conceição, reconhecido pelo Papa Pio IX e
instituído em 1854.
Antes
de apresentarmos a Doutrina desta Mediação da Mãe,
cumpre-nos explicar e expor o Ofício Medianeiro de
CRISTO.
Ao
falar da Mediação de CRISTO, santo Tomás de Aquino ensina:
“O Ofício de Medianeiro entre DEUS, e os homens
consiste em uni-los”.
(Suma Teológica3, q.26, a.1).
A essência, pois, e a finalidade da Mediação de CRISTO está
em unir os homens com DEUS.
O
Medianeiro, segundo Santo Tomás, apresenta a DEUS as orações
dos homens, oferece o Sacrifício, que é o ato principal da
virtude da religião, e distribui aos homens os Dons Divinos
que santificam as almas.
Este Ofício de Medianeiro, elevado a suprema perfeição, cabe
e pertence exclusivamente a CRISTO Homem-DEUS, o único que
nos pode reconciliar com DEUS, oferecendo-LHE um Sacrifício
de valor infinito, que é perpetuado
substancialmente no Sacrifício da Santa Missa.
Somente CRISTO, Cabeça da humanidade, nos conquistou, com
direito de Justiça, todas as graças necessárias a nossa
salvação. É precisamente neste sentido que São Paulo ensina:
“Há um só Medianeiro entre DEUS e os homens, o Homem JESUS
CRISTO, que se deu a Si mesmo em Redenção por todos.”
(1 Tm. 2, 5-6)
Com
estas palavras o Apóstolo quer dizer que nenhuma outra
pessoa, tem, em si mesma, autoridade própria, nem
merecimentos próprios, para se apresentar diante de DEUS,
como Medianeiro dos homens, e neste sentido, a Mediação de
CRISTO é única e exclusiva.
Mas
esta Mediação absolutamente necessária, superabundante e
suficientíssima, e que não carece absolutamente do auxílio
de quem quer que seja, não exclui medianeiros subalternos e
dependentes de CRISTO.
Com
diáfana clareza o Papa Leão XIII na Encíclica “Fidentem
piumque” de 20 de setembro de 1896, nos prova esta asserção:
“Há quem ache ousada a grande confiança no patrocínio da
Virgem e queira repreender-nos. Em verdade, somente a CRISTO
compete o nome e partilha de Medianeiro, a CRISTO que é uma
só pessoa DEUS e Homem, e assim restaurou o gênero humano na
graça: “Há um só Medianeiro entre DEUS e os homens, o Homem
JESUS CRISTO, que se deu a Si mesmo, em Redenção por todos.”
( 1 Tm. 2, 5-6)
Mas,
como ensina o “Anjo da Escola”, nada se opõe a que também
outros se designem medianeiros entre DEUS e os homens,
enquanto como ministros e instrumentos, cooperam na união
dos homens com DEUS
(Suma Teológica 3, q. 26,
a.1,2),
como os Anjos e Santos do Céus, os profetas e sacerdotes de
ambos os Testamentos.
Esta
dignidade gloriosa cabe, em ponto mais elevado, à Santíssima
VIRGEM. Pois não se pode imaginar uma só personalidade que
operasse na reconciliação dos homens com DEUS como MARIA, ou
pudesse jamais operar como ELA. Quando os homens tinham
incorrido na eterna perdição, MARIA deu-nos o SALVADOR. Pois
foi ELA quem, em lugar de todo o gênero humano deu o Seu
consentimento, quando o Anjo anunciou o Mistério da Paz
(Suma Teológica 3,
q. 30, a. 1).
É Dela que nasceu JESUS, e ELA é verdadeiramente SUA
MÃE e, por esta causa, Digna e Legítima Medianeira do
Medianeiro.
É,
pois, este o pensamento do papa Leão XIII: “Há um só
Medianeiro, e esse é JESUS CRISTO. Mas há junto de JESUS
CRISTO, a Santíssima Virgem, MÃE de DEUS, que por sua íntima
cooperação com a Obra da Redenção, foi constituída
Medianeira, e nesta Sua posição central, MARIA supera a
todos os Anjos e Santos; é Medianeira num sentido, como
nenhum Anjo e Santo o pode ser”.
Mas,
se de fato, a mediação de JESUS CRISTO foi suficientíssima,
superabundante, não carecendo do auxílio de quem quer que
fosse, para executa-la, qual a razão, então, de MARIA
Santíssima cooperar intimamente nela e merecer o título de
Medianeira?
MARIA
Santíssima é Medianeira Universal, não porque DEUS dELA
necessitasse, mas porque unicamente assim o quis.
DEUS,
infinitamente livre, podia querer e não querer a Redenção. E
querendo a Redenção, podia escolher aquele modo de remir os
homens que mais LHE agradasse. Pois, infinitamente sábio,
tinha a sua disposição infinitos planos redentores.
Entre
os infinitos planos, então, escolheu e executou aquele em
que MARIA Santíssima ocupa, junto ao Divino Redentor, a
posição central de MÃE e Medianeira Universal.
Segundo esse plano, na hora estabelecida por DEUS, o VERBO
Eterno assume a natureza humana, por Obra do Divino ESPÍRITO
SANTO; mas a assume no seio castíssimo da Virgem, e somente
após ELA ter dado seu livre, espontâneo e pleno
consentimento. A Virgem, portanto, por Sua própria vontade,
torna-se MÃE do Salvador, fornecendo-LHE o Sangue
Preciosíssimo a ser derramado e o corpo Santíssimo a ser
imolado no Santo Sacrifício da Cruz.
Durante os anos que levou a preparação do Santo Sacrifício,
MARIA Santíssima vive com o FILHO em perfeita, ininterrupta
e íntima comunhão de sentimentos e dores.
Na Sexta Feira Santa, no alto do Calvário, MARIA Santíssima
apresenta a DEUS a Vítima Divina. MÃE e FILHO entrelaçados
num só sentimento, numa só vontade, oferecem o Sacrifício
Redentor à Justiça Divina. Eis, pois, JESUS, o Redentor do
gênero humano, satisfazendo plenamente pelos pecados dos
homens, e eis a Seu lado a Santíssima MÃE a Co-Redentora,
que por Seus sofrimentos, se torna MÃE de todos os remidos.
E
agora perguntamos: A missão da Santíssima Virgem estará
concluída com a morte do Redentor ou continuará ELA pela
distribuição das Graças, conquistadas com Sua cooperação, na
dolorosa Obra da Redenção?
A mesma Vontade Santíssima que escolheu a Virgem para MÃE do
Redentor, que LHE pediu assistência Maternal para os 33 anos
de vida e para a hora do Sacrifício Supremo, esta mesma
Vontade quer e determina que ELA seja, junto do FILHO, a
Dispensadora de todas as Graças.
Pois, o Plano Redentor, abrange não só a conquista de todas as
Graças, realizadas aqui na Terra, mas também a distribuição
das mesmas que se faz nos Céus.
Seria
até de estranhar, se Deus convidasse a Virgem para
acompanhar o SALVADOR na Sua crudelíssima jornada, começada
na Encarnação e concluída no Calvário, e não A associasse a
CRISTO nas alegrias da distribuição de todas as graças,
fruto preciosíssimo também do sofrimento da MÃE Celeste.
Portanto, a Santíssima Virgem, unida a CRISTO, aqui na Terra
nos sofrimentos cruéis da Redenção, está agora unida a
CRISTO nos Céus, na distribuição dos frutos da Redenção.
Como
vemos, aqui temos enfeixado, em poucas palavras, o Plano da
Redenção do gênero humano, e neste Plano está contida a
Mediação da Santíssima Virgem. Distinguimos duas fases da
Mediação Universal de MARIA Santíssima:
A
primeira
compreende a participação de MARIA SANTÍSSIMA nos mistérios
da salvação humana: a começar da Encarnação do VERBO, por
ELA livremente aceita, continuada durante os 33 anos da Vida
do SENHOR e concluída com o Sacrifício da Cruz. Esta
primeira parte da Mediação confere a MARIA Santíssima o
glorioso título de Co-Redentora do gênero humano,
e disso tratará as três próximas partes.
A
segunda
fase da Mediação universal de MARIA Santíssima diz respeito
à distribuição de todas as Graças, iniciada no Dia da
Gloriosa Assunção da Santíssima Virgem e a perpetuar-se até
o fim do mundo, e que Lhe dá o consolador título de
Dispensadora de Todas as Graças. Fatos que
abordaremos a partir da quinta parte. Pois, enquanto a
aquisição das Graças pela Mediação da Virgem é um fato já
realizado e consumado, a Distribuição das mesmas é um
fato a consumar-se diariamente, até o Juízo Final.